Sequenciamento genômico de Aparecida confirma primeiro óbito pela variante ômicron

Por Camila Godoy

6 de janeiro de 2022

Por Camila Godoy

6 de janeiro de 2022


Foto: Caudivino Antunes

Com amplo Programa Municipal de Vigilância Genômica, cidade declarou transmissão comunitária há 10 dias. Prevalência da Ômicron já é de 93,5%

Nesta quinta-feira, 6 de janeiro, a Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia comprovou o primeiro óbito pela variante ômicron por meio de sequenciamento genômico. O registro é o primeiro do Brasil. Trata-se de um homem de 68 anos, portador de doença pulmonar obstrutiva crônica e hipertensão arterial. Ele estava internado em unidade hospitalar. O paciente era contactante de um caso que a pasta já havia confirmado como infecção pela variante. O homem estava vacinado com três doses.

A confirmação do primeiro óbito ocorre exatamente dez dias após a declaração de transmissão comunitária na cidade. A detecção foi possível graças ao Programa Municipal de Sequenciamento Genômico que tem feito a análise de amostras positivas de RT-PCR coletadas no município para mapear a informação genética e identificar as variantes do SARS-CoV-2 (novo coronavírus) em circulação. Até o momento, 2.386 sequenciamentos já foram realizados na cidade, que já confirmou 55 casos de Ômicron. A prevalência da variante alcançou a casa dos 93,5%.

Vigilância constante

O prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, lamentou a confirmação do primeiro óbito e chamou a atenção da população para as medidas de prevenção. “Determinei a ampliação do Programa de Vigilância Genômica para que possamos acompanhar o avanço de qualquer nova variante e hoje, com tristeza, recebi a notícia da primeira vítima fatal da ômicron”, declarou.

O prefeito lembra que nos dois últimos anos “perdemos parentes e amigos e a dor é imensa. Por isso, uma informação de óbito por covid-19 sempre vem com muita consternação”. Contudo, segundo o gestor, as mais de 825 mil doses de vacinas aplicadas colocam Aparecida em uma situação diferente de combate ao vírus. “Estamos mais fortes e preparados, mas precisamos manter a atenção e as medidas de prevenção”, destacou.

O secretário de Saúde, Alessandro Magalhães, explica que a vacinação é muito importante porque reduz as chances de complicações e óbitos, mas que deve estar acompanhada do uso da máscara, da correta higiene das mãos e do distanciamento social sempre que possível. “Nós perdemos um paciente vacinado, mas que tinha problemas crônicos de saúde, que são importantes fatores de risco da covid-19. Infelizmente, ele não resistiu. Uma vida perdida em meio a milhares salvas pela imunização”, afirmou.

Avanço da ômicron

Alessandro Magalhães ressalta que o avanço da variante Ômicron já foi percebido em todas as partes do mundo e que aqui não será diferente: “Na semana epidemiológica 48, de 2021, a prevalência da variante delta era 100%. Já na semana 52, última do ano, a variante ômicron alcançou a prevalência de 93,5%. Esse dado confirma a rapidez da disseminação da ômicron, identificada pela primeira vez na África do Sul. Mas, ainda é muito recente para que possamos analisar dados como letalidade e taxas de agravamento”, afirmou.

O gestor destacou que Aparecida segue monitorando cuidadosamente a situação, atenta a quaisquer alterações no cenário da pandemia: “Nossa estratégia permanece aquela indicada pela OMS: testar, monitorar, cuidar e vacinar”.

Sequenciamento

O Programa Municipal de Sequenciamento analisa amostras colhidas durante a realização do RT-PCR que tenham uma carga viral mínima e com os seguintes critérios: pacientes com suspeita de reinfecção, pacientes de baixo risco que precisaram de internação e pacientes aleatórios agrupados por semana epidemiológica.

“Como Aparecida é a cidade que mais realiza teste padrão ouro no estado e uma das que tem o programa mais robusto de sequenciamento do país, conseguimos acompanhar em tempo real o perfil da pandemia no município e assim definir as melhores estratégias de enfrentamento”, explicou a diretora de Avaliação de Políticas de Saúde da SMS, Érika Lopes, que coordena o Programa de Vigilância Genômica.

A gestora destaca que o Programa anda junto com a Vigilância em Saúde. O órgão colhe informações importantes dos pacientes diagnosticados com a doença.

”Quem procura, acha”

“Em 12 de dezembro, após investigação epidemiológica, identificamos os primeiros casos suspeitos de contaminação pela ômicron e solicitamos o sequenciamento de suas amostras. A confirmação foi um alerta para todo o estado de Goiás”, informou a Superintendente de Vigilância em Saúde de Aparecida, Daniela Ribeiro.

“Desde então, rastreamos os contatos dessas pacientes e ampliamos o sequenciamento. Em 27 de dezembro confirmamos a transmissão comunitária e agora o primeiro óbito. O que deixa claro: quem procura, acha! Se temos confirmações é porque testamos, investigamos e sequenciamos”, afirma Daniela.

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